Bruxaria

Esbats

Os Esbats são comemorações voltadas a Lua, comemorando a Deusa e as suas diversas faces. Assim como a Lua é o símbolo da Deusa, ela também assume fases durante sua trajetória. Alguns pagãos, costumam focar-se nos Esbats de Lua Cheia e em algumas ocasiões na Lua Nova, porém existem celebrações para todas as fases lunares, e cada uma possui um atributo diferente que pode auxiliar em sua vida.

A lua cheia foi venerada durante milênios por grupos de homens e mulheres, reunidos nos bosques, nas montanhas ou na beira da água, como a manifestação visível do princípio cósmico feminino, na forma das deusas lunares ou da Vovó Lua. Com o advento das religiões patriarcais, houve uma divisão na vida religiosa familiar. Os homens passaram a reverenciar os deuses – solares e guerreiros -, enquanto que as mulheres continuavam se reunindo para celebrar a lua cheia e honrar a Grande Mãe. A cristianização forçada e, principalmente, as perseguições dos “caçadores de bruxas” durante os oito séculos de Inquisição, procuraram erradicar a “adoração pagã da Lua” e os Esbats foram considerados orgias de bruxas e manifestações do demônio.
A palavra Esbat deriva do verbo esbattre, em francês arcaico, significando “alegrar-se”, pois essas celebrações não eram tão solenes como os Sabbats, proporcionando, além dos trabalhos mágicos, uma atmosfera jovial. Há também uma semelhança com a palavra “estrus” – o ciclo lunar de fertilidade -, reforçando a idéia da repetição mensal dessas comemorações.

Durante os Esbats, reverencia-se a força vital criativa, geradora e sustentadora do universo, manifestada como a Grande Mãe. A noite de lua cheia ou o plenilúnio, é o auge do poder da Deusa, sendo o momento adequado para rituais de cura e trabalhos mágicos. Usam-se altares – simples ou elaborados – com os símbolos da Deusa e acrescentam-se os elementos específicos da lunação. Além dos rituais, há cantos, danças, contam-se histórias e fazem-se meditações. No final, comemora-se repartindo pão ou bolo e bebendo-se vinho, suco ou chá, brindando à Lua e ofertando um pouco à natureza em sinal de gratidão à Mãe Terra. O pão sempre simbolizou o alimento tirado da terra, enquanto que o vinho favorecia a atmosfera de alegria e descontração.

A Energia de Cada Fase Lunar

Lua Minguante

É a fase em que a Lua vai diminuindo o brilho até desaparecer. É o momento propício para o encerramento de tudo o que não é mais necessário ou desejado, o banimento de energias negativas, libertação e finalização, reversão de situações indesejadas, morte e ressureição simbólicas, maturidade e sabedoria ancestral e quebra de feitiços maléficos.

Lua Nova

É a fase em que a Lua não está visível no céu, preparando-se para renascer em seu novo ciclo. Por isso, é um período de instabilidade energética, repleto de mistérios e inseguranças, de morte e escuridão, de reclusão, sendo propício, porém, para a meditação, autoconhecimento, preparação e renascimento.

Lua Crescente

É a fase em que a Lua sai da escuridão e começa a crescer, iluminando o céu. Por isso, é propícia aos rituais de crescimento e atração. Rituais que tenham por objetivo aumentar o que se deseja, fortalecimento das amizades e dos relacionamentos, amor, sensualidade e sentimentos, harmonização das situações e dos ambientes, boa sorte, negócios e prosperidade devem ser realizados durante esse período.

Lua Cheia

É a fase em que a Lua está mais visível e brilhante, reinando plena no céu. É uma das fases mais populares para os praticantes de Bruxaria, o seu poder é grande e intenso. Por isso, é propícia aos rituais de fortalecimento, preenchimento, fertilidade, virilidade e sexualidade, comunicação, brilho, sucesso e visibilidade, assinatura de contratos e parcerias, felicidade, amor.

Celebrando o Esbat

Os Esbats são realizados, geralmente, entre as três primeiras noites, quando a lua é mais cheia e poderosa. Antigamente eram praticados ao ar livre, em meio à natureza, mas com o crescimento das cidades, é meio impossível que isso seja feito hoje em dia. Recomenda-se, então, apenas que a lua seja vista, caso não dê para realizar esse rito ao ar livre. Abra as janelas, deixe a luz da lua te encontrar. Existem diversos tipos de celebração do Esbat, e cada um pode inventar o seu. Ás vezes, só apreciar a lua durante alguns minutos já é o suficiente para sentir a conexão e troca de energia. Deixo aqui um ritual simples de Esbat e conexão com a Deusa, retirado do livro “Wicca – a religião da deusa“, do bruxo Claudiney Prieto.

Material necessário:

  • Caldeirão
  • Uma vela vermelha
  • Cálice com água
  • Incensos de rosas

Coloque a vela vermelha dentro do caldeirão, mas não a acenda.

Coloque a taça com água sobre seu altar. Acenda os incensos e trace o círculo mágico (caso você não saiba fazer, faça um círculo com sal grosso e peça permissão à divindade para iniciar seus trabalhos de magia). Posicione-se em frente ao altar, eleve suas mãos, e então diga as seguintes palavras:

Que aquela que reina sobre as montanhas, nos bosques, nos lagos e nas florestas, seja saudada! É aquela, venerada no alto das montanhas a quem saúdo, Deusa da fertilidade da terra, das colheitas e da civilização Aquela que ensina e ajuda os homens a cultivar a terra, Senhora da organização e da lei. É a você que saúdo, Deusa que caminha pelos campos, que semeia e faz brotar. Protetora e sábia Deusa, altiva e majestosa, Grande Mãe universal Venha e invada-me com a sua luz, trazendo sabedoria, conhecimento e força para que eu seja capaz de superar os obstáculos e seguir confiante em seu caminho, pois sou sua (seu) filha (o) que retornou a você no amor. Esteja comigo, dentro deste círculo e derrame suas bênçãos sobre mim Que assim seja e que assim se faça!

Acenda a vela que está dentro do caldeirão, olhe fixamente para a chama e medite nos propósitos do seu ritual. Pegue o cálice e faça com que a luz seja refletida na água. Quando isso ocorrer, imagine a luz da Lua se expandindo por toda a superfície da água até transbordar o cálice. Eleve-o aos céus, em direção à Lua, e diga:

Senhora do arco de prata, banha-me com a sua luz e penetre-me. E que o Seu poder percorra meu corpo e mente, trazendo transformação, iluminação, força e conhecimento. É a você que louvo, pois é de você que tudo procede e a você tudo retorna. Você que é chamada por muitos nomes, Você que não tem forma, mas possui muitas faces. Que seu reflexo seja único em nossos corações. Venha a mim, esteja comigo em pensamentos, atos e magia!

Mentalize a luz da lua descendo sobre você, abaixe lentamente suas mãos e tome um gole da água, estabelecendo seu vínculo e elo com
a Deusa. Faça uma libação para a Deusa. Eleve bem alto seus braços em direção à Lua, feche os olhos e mentalize a luz da lua descendo diretamente sobre você. Absorva o poder da Lua, conecte-se com a Deusa e mantenha um diálogo com Ela, deixe-a falar com você. Abra seus ouvidos e sentidos para Ela. Quando sentir que a conexão foi bem-sucedida, abaixe lentamente os braços, cruzando-os sobre o seu peito, braço direito sobre o esquerdo, e faça uma saudação ao Altar e à Deusa.

Estenda suas mãos em direção ao Caldeirão e mentalize uma forte luz que transborda de dentro dele. Comece a elevar suas mãos aos céus, lentamente, mentalizando que essa luz está subindo; eleve suas mãos cada vez mais, elevando o cone de poder, até que não haja mais luz nenhuma no caldeirão. Então projete mentalmente onde você quer que essa luz chegue. Visualize os rostos das pessoas amadas, dos amigos, os seus objetivos e desejos. Essa é a hora de direcionar a energia criada para uma ou mais finalidades específicas. Ao terminar, agradeça aos Deuses e guardiões dos elementos e destrace o círculo.

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